Abastena presente na Palestra

A Abastena esteve presente na Palestra "A obra de José Lutzenberger", realizada no passado dia 3 de Fevereiro, no Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra.

A palestra esteve a cargo do Engº Giovanni de Alencastro, colaborador da Abastena, que foi discípulo do Engº Lutzenberger.

José A. Lutzenberger, ou Lutz, como era conhecido pelos amigos e colaboradores, viveu entre 1926 e 2002, sendo um dos pioneiros do movimento ecologista brasileiro. Formou-se em Agronomia, e, depois de trabalhar na BASF com adubos, desiludiu-se com a moderna agricultura baseada num pacote tecnológico artificial e impactante. Em 1970 deixou seu emprego para se dedicar à causa ecológica.

Em 1971, junto com um grupo de simpatizantes de Porto Alegre, fundou a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), uma das primeiras associações ecológicas do Brasil, ganhando projecção local, nacional e internacional em inúmeras campanhas ecológicas, conseguindo importantes conquistas numa época em que o ambientalismo ainda era coisa desconhecida pela maioria.

Lutzenberger tinha um vasto conhecimento e conseguiu chamar a atenção para o tema com a sua personalidade enérgica e combativa e a sua sólida preparação intelectual e científica. A sua liderança do movimento ecologista no Brasil consolidou-se em 1976, quando lançou o livro Manifesto Ecológico Brasileiro: O Fim do Futuro?, a sua obra mais conhecida. Publicou muitos outros textos e palestrou pelos quatro cantos do mundo, sensibilizando grandes e influentes audiências, e ao mesmo tempo despertando a fúria de outros sectores da sociedade, sendo chamado, ao mesmo tempo, de génio pioneiro e de louco fanático.

Em 1987 desligou-se da Agapan e criou a Fundação Gaia, dedicada à promoção de um modelo de vida sustentável, presidindo-a até sua morte. Continuava envolvido em inúmeros outros projectos locais e noutras regiões, conduzindo também uma empresa de reciclagem de resíduos industriais, a Vida - Produtos e Serviços em Desenvolvimento Ecológico Ltda.

Em 1990 foi convidado pelo presidente Fernando Collor de Melo para assumir a pasta do Meio Ambiente, tendo sido a sua actuação breve e muito controversa, mas com obras importantes realizadas, como a demarcação das terras ianomamis. O seu estilo contundente de crítica, não poupando ninguém, muito menos o Governo, não cessou de lhe trazer problemas, e após denunciar a corrupção no Ibama, em 1992, foi demitido.

Afastado da cena política, deu continuidade ao seu trabalho independente, mantendo-se atento aos novos problemas ambientais associados ao progresso e sugerindo soluções que o mesmo progresso pode oferecer se conduzido com sabedoria.

O valor de sua contribuição, para além de ser celebrado como um dos pioneiros e um dos maiores ícones do movimento ecológico brasileiro, foi reconhecido mundialmente, recebendo inúmeras distinções importantes, como o Prémio Nobel Alternativo, a Ordem do Ponche Verde, a Ordem de Rio Branco, a Ordem do Mérito da República Italiana e Doutoramentos honoris causa.

(Adaptado de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Lutzenberger)